"A
virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos o que fazemos
repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos,
controlados ao praticarmos atos de autocontrolo, corajosos ao praticarmos atos
de bravura."
Aristóteles
O homem é essencialmente
sociável, pois sozinho não satisfaz as suas necessidades elementares, nem
realiza as suas aspirações mais elevadas.
O conflito surge nas situações em que forças, seres,
interesses, sentimentos ou outros elementos, com poder de ação, se encontram em
posições antagónicas, divergentes e procuram interesses diversos.
Entre as diferentes opiniões conhecidas sobre o conflito, Freud referia
a importância da educação na formação do aluno em ambiente preventivo de
conflitos. Assim, a educação exerceria um papel importantíssimo em relação à
formação dos alunos, podendo influenciar o seu comportamento social de forma
positiva ou negativa. Seria positiva, na medida em que orientar e prevenir conflitos
individuais traria benefícios ao fluir do inter-relacionamento dos grupos. Seria
negativo quando ocorressem desequilíbrios e não se conseguissem promover ações
criativas.
Na escola os
conflitos têm origem em problemas como falhas na comunicação entre
aluno/professor, profissionais de educação e outros membros da comunidade
escolar; na ausência de ações continuadas para alunos, professores,
pais/encarregados de educação, assistentes operacionais, planos de intervenção
inadequados ao grupo alvo (alunos), na resistência à mudança em ambiente escolar
e também nas desigualdades sociais.
Os conflitos em
contexto educativo que ocorrem com maior frequência estão relacionados com
situações de comportamentos de oposição que sustentam crises, e atitudes que
geram indisciplina nas salas de aula.
É importante que
todos os profissionais que trabalham com alunos possuam conhecimentos básicos
quanto à origem de conflitos no ambiente escolar e as condições psicológicas
que envolvem o indivíduo em convívio social.
Porque surgem os conflitos?
Porque todos nós temos diferentes
pontos de vista, variados interesses e necessidades, expetativas diversificadas
e diferentes formas de agir e de pensar. Podem ser entendidos ainda como causas
de conflitos direitos não atendidos ou não conquistados, mudanças externas e
espontâneas, ansiedades e medos, lutas pelo poder, falta de informação, mau
ambiente no trabalho, divergências de objetivos, esforços não valorizados,
diferenças culturais e individuais, entre outras.
O conflito em
ambiente escolar influencia de forma significativa os ritmos normais no que diz
respeito a uma aprendizagem eficaz e funcionamento equilibrado, não só dos
alunos, mas também dos professores, dos órgãos de gestão e demais funcionários.
Entender o
Conflito
Para um
entendimento mais preciso sobre a dinâmica dos conflitos, deve ter-se uma visão
abrangente das suas inúmeras possibilidades. É necessário reconhecer que existe
um modo destrutivo e outro construtivo de proceder. O
facto de os conflitos fazerem parte da vida não significa que sejam
necessariamente destrutivos, no entanto, muitos
conflitos têm efeitos negativos e prejudiciais (consomem muita energia
individual).
Alguns ainda os encaram como resultante da ação e do comportamento
de pessoas indesejáveis, associados à agressividade, ao confronto físico e
verbal e a sentimentos negativos, considerados nefastos ao bom relacionamento
entre as pessoas e, consequentemente, ao bom funcionamento das organizações.
A utilidade da
existência de um certo grau de conflito é reconhecida para a vitalidade
das organizações, grupos e, muitas vezes, até no incremento das relações
interpessoais. Pode ser visto como impulsionador de um processo que começa na
perceção e termina com a oferta de uma ação adequada e positiva, fonte de ideias novas, podendo levar a
discussões abertas sobre determinados assuntos, permitindo a expressão e a exploração
de diferentes pontos de vista, interesses e valores.
Uma organização,
por definição, é um lugar onde pessoas se reúnem tendo na base a prossecução de
objetivos comuns. Um lugar que reúne os recursos necessários e são feitos
esforços coordenados, sem os quais dificilmente se conseguiriam alcançar tais
objetivos.
O caminho passa,
necessariamente, pela construção de saudáveis e produtivas relações
interpessoais e em saber como gerir adequadamente os conflitos no trabalho. Se
isto vale para o profissional comum, amplifica-se para quem ocupa cargos de
gestão.
A esse propósito,
podemos ter em conta algumas orientações/ recomendações:
Cooperação
Vai ao encontro
de soluções conjuntas e de maior valor antes de competir pela obtenção de
melhores resultados.
Promover, decidir e adotar uma postura flexível. “Promover “ significa realizar algo diferente,
ter objetivos bem definidos e conseguir determinar como o processo irá ocorrer.
Proatividade
Vontade de fazer
acontecer; propósito; reflexão sobre o caminho certo e responsabilidade são algumas
das atitudes necessárias. Aqui significa ter maior adaptabilidade, aquisição de
competências adicionais, menor fadiga (pela variabilidade de tarefas) e aplicar
os seus conhecimentos às oportunidades de melhoria.
Capacidade de resolver os problemas que lhes
são confiados
Para tanto, é
necessário possuir competências técnicas e comportamentais, e focar sua atenção
e energia na solução do problema.
Adquirir uma melhor
perceção de si e do outro
Através da partilha
e descobrindo crenças e valores, tendo em conta formas diferentes de pensar,
como se comunica e se age.
Para que a comunicação
ocorra, é necessário desenvolver a capacidade de ouvir o outro adequadamente,
expressar pensamentos, ideias de forma clara, lidar com as emoções e revelar-se
aos outros.
A informação
simplesmente transmitida, mas não recebida, não foi comunicada. O comunicador
eficaz é um bom ouvinte, tem espírito aberto, é empático, não interrompe e faz
perguntas inteligentes.
Inteligência
Emocional
A inteligência emocional
envolve reconhecer uma emoção quando a sentimos, entender melhor o que os
outros sentem, exprimir irritação com algum autocontrolo, conseguir
tranquilizar-se, ser mais criativo, possuir uma maior flexibilidade na procura
de soluções.
Saber dar e receber
feedbacks
É uma boa forma
de facilitar o processo de mudança das pessoas.
E lembre-se que
os elogios podem e devem ser ditos em público, mas críticas não.
Assertividade
As pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos, interesses,
de exprimir os seus sentimentos, pensamentos e as suas necessidades de uma
forma aberta.
A pessoa assertiva está aberta ao compromisso e à negociação: resolve
conflitos através da negociação.
Aceita que os outros pensem de forma diferente de si;
respeita as diferenças e não as rejeita.
Trabalho em equipa
Para trabalhar em
equipa, é essencial a cumplicidade, o respeito mútuo, a valorização de
diferenças individuais adequando-as às atividades. Assim, as diferentes
capacidades de cada membro da equipa serão valorizadas e estimuladas.
As relações
interpessoais são necessárias e os conflitos sempre existirão. A qualidade com
que conseguirá lidar com essas questões determinará em grande parte o sucesso e
satisfação quer pessoal, quer profissional.
Como Gerir conflitos?
→ Separe as pessoas dos problemas;
→ Esclareça as perceções;
→ Concentre-se nos interesses e não nas
posições;
→ Procure criar opções que sejam
favoráveis a ambas as partes,
→ Insista em critérios objetivos e
mantenha o seu comportamento controlado;
→ Coloque-se no lugar do outro e fale
sobre o futuro, a fim de procurar estabelecer acordos de benefícios mútuos.
Outros aspetos a considerar:
• Ser prudente
nos conflitos a administrar é uma atitude muito útil, pois nem todos merecem o
seu empenho e esforço e, principalmente, procure avaliar quem está envolvido
nele - conheça os envolvidos para que não entre em controvérsias de antemão
perdidas.
• Para prevenir
conflitos é essencial estar presente no ambiente de trabalho, deslocar-se, ser
e estar acessível. Também é imprescindível saber comunicar, isto é, utilizar
uma linguagem compreensiva para quem ouve, mostrando disponibilidade para
ouvir, tentando colocar-se no seu lugar (empatia), argumentando sem ofender,
incentivando o diálogo e a participação do outro na busca de soluções.
• Para lidar com
pessoas, deve compreendê-las e ter flexibilidade de ação (comportamento). A
atitude comunicacional, obviamente, deve variar conforme a situação e a pessoa.
• Uma boa gestão
de conflitos também implica desenvolver a afetividade, visando a aproximação e
o conhecimento recíproco, a demonstração de interesse pelos problemas dos outros,
estabelecendo fios condutores para conciliar expetativas recíprocas.
• A comunicação é a base que favorece processos de mudança,
através de procedimentos e novas ideias que ajudem na adaptação ao meio.
Esta
temática foi o alvo da nossa formação, que decorreu de fevereiro a maio de
2016, na EB Afonso de paiva, e da qual deixamos algumas imagens!
Cidália Ribeiro
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Mais
fotografia em (publicação de 13/06/2016): https://www.facebook.com/afonsodepaiva/
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