Escola Básica Afonso de Paiva - Castelo Branco
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Breve introdução - a necessidade da existência do Projeto

A Escola, entendida como espaço de cidadania, de convívio e de educação, necessita de um Projeto que sugira temas prioritários a abordar no âmbito da "Educação para a Saúde", dinamize atividades que promovam a saúde individual e/ou coletiva de todos os que fazem parte da comunidade educativa e que faça a articulação das iniciativas entre os vários ciclos de escolaridade. Face à legislação em vigor, os temas considerados prioritários são a "Alimentação e Actividade Física", "Consumo de substâncias psicoativas", "Sexualidade", "Infeções sexualmente transmissíveis, designadamente VIH/SIDA" e "Violência em meio escolar". A seleção dos conteúdos para cada um destes temas teve em consideração as caraterísticas da Comunidade Educativa do Agrupamento e as especificidades das áreas onde serão prioritariamente desenvolvidos - nas disciplinas curriculares (C. Naturais ou outras), em Cidadania e Desenvolvimento, no Vós Alunos e/ou como atividade extracurricular.

domingo, 17 de julho de 2016

Gestão de Conflitos

"A virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos o que fazemos repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de autocontrolo, corajosos ao praticarmos atos de bravura."
Aristóteles
 Ao longo da nossa vida, desenvolvemos propensão natural para viver e comunicar, criando aptidões e competências em contacto com outros. Na convivência diária, foram-se incrementando relações interpessoais desde as épocas mais remotas e, com elas, as divergências, as competições e os conflitos.
O homem é essencialmente sociável, pois sozinho não satisfaz as suas necessidades elementares, nem realiza as suas aspirações mais elevadas.
O conflito surge nas situações em que forças, seres, interesses, sentimentos ou outros elementos, com poder de ação, se encontram em posições antagónicas, divergentes e procuram interesses diversos.
Entre as diferentes opiniões conhecidas sobre o conflito, Freud referia a importância da educação na formação do aluno em ambiente preventivo de conflitos. Assim, a educação exerceria um papel importantíssimo em relação à formação dos alunos, podendo influenciar o seu comportamento social de forma positiva ou negativa. Seria positiva, na medida em que orientar e prevenir conflitos individuais traria benefícios ao fluir do inter-relacionamento dos grupos. Seria negativo quando ocorressem desequilíbrios e não se conseguissem promover ações criativas.
Na escola os conflitos têm origem em problemas como falhas na comunicação entre aluno/professor, profissionais de educação e outros membros da comunidade escolar; na ausência de ações continuadas para alunos, professores, pais/encarregados de educação, assistentes operacionais, planos de intervenção inadequados ao grupo alvo (alunos), na resistência à mudança em ambiente escolar e também nas desigualdades sociais.
Os conflitos em contexto educativo que ocorrem com maior frequência estão relacionados com situações de comportamentos de oposição que sustentam crises, e atitudes que geram indisciplina nas salas de aula.
É importante que todos os profissionais que trabalham com alunos possuam conhecimentos básicos quanto à origem de conflitos no ambiente escolar e as condições psicológicas que envolvem o indivíduo em convívio social.

Porque surgem os conflitos?
Porque todos nós temos diferentes pontos de vista, variados interesses e necessidades, expetativas diversificadas e diferentes formas de agir e de pensar. Podem ser entendidos ainda como causas de conflitos direitos não atendidos ou não conquistados, mudanças externas e espontâneas, ansiedades e medos, lutas pelo poder, falta de informação, mau ambiente no trabalho, divergências de objetivos, esforços não valorizados, diferenças culturais e individuais, entre outras.
O conflito em ambiente escolar influencia de forma significativa os ritmos normais no que diz respeito a uma aprendizagem eficaz e funcionamento equilibrado, não só dos alunos, mas também dos professores, dos órgãos de gestão e demais funcionários.

Entender o Conflito
Para um entendimento mais preciso sobre a dinâmica dos conflitos, deve ter-se uma visão abrangente das suas inúmeras possibilidades. É necessário reconhecer que existe um modo destrutivo e outro construtivo de proceder. O facto de os conflitos fazerem parte da vida não significa que sejam necessariamente destrutivos, no entanto, muitos conflitos têm efeitos negativos e prejudiciais (consomem muita energia individual).
Alguns ainda os encaram como resultante da ação e do comportamento de pessoas indesejáveis, associados à agressividade, ao confronto físico e verbal e a sentimentos negativos, considerados nefastos ao bom relacionamento entre as pessoas e, consequentemente, ao bom funcionamento das organizações.
A utilidade da existência de um certo grau de conflito é reconhecida para a vitalidade das organizações, grupos e, muitas vezes, até no incremento das relações interpessoais. Pode ser visto como impulsionador de um processo que começa na perceção e termina com a oferta de uma ação adequada e positiva, fonte de ideias novas, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, permitindo a expressão e a exploração de diferentes pontos de vista, interesses e valores.
Uma organização, por definição, é um lugar onde pessoas se reúnem tendo na base a prossecução de objetivos comuns. Um lugar que reúne os recursos necessários e são feitos esforços coordenados, sem os quais dificilmente se conseguiriam alcançar tais objetivos.
O caminho passa, necessariamente, pela construção de saudáveis e produtivas relações interpessoais e em saber como gerir adequadamente os conflitos no trabalho. Se isto vale para o profissional comum, amplifica-se para quem ocupa cargos de gestão.
A esse propósito, podemos ter em conta algumas orientações/ recomendações:
Cooperação
Vai ao encontro de soluções conjuntas e de maior valor antes de competir pela obtenção de melhores resultados.
Promover, decidir e adotar uma postura flexível. “Promover “ significa realizar algo diferente, ter objetivos bem definidos e conseguir determinar como o processo irá ocorrer.
Proatividade
Vontade de fazer acontecer; propósito; reflexão sobre o caminho certo e responsabilidade são algumas das atitudes necessárias. Aqui significa ter maior adaptabilidade, aquisição de competências adicionais, menor fadiga (pela variabilidade de tarefas) e aplicar os seus conhecimentos às oportunidades de melhoria.
Capacidade de resolver os problemas que lhes são confiados
Para tanto, é necessário possuir competências técnicas e comportamentais, e focar sua atenção e energia na solução do problema.
Adquirir uma melhor perceção de si e do outro
Através da partilha e descobrindo crenças e valores, tendo em conta formas diferentes de pensar, como se comunica e se age.
Para que a comunicação ocorra, é necessário desenvolver a capacidade de ouvir o outro adequadamente, expressar pensamentos, ideias de forma clara, lidar com as emoções e revelar-se aos outros.
A informação simplesmente transmitida, mas não recebida, não foi comunicada. O comunicador eficaz é um bom ouvinte, tem espírito aberto, é empático, não interrompe e faz perguntas inteligentes.
Inteligência Emocional
A inteligência emocional envolve reconhecer uma emoção quando a sentimos, entender melhor o que os outros sentem, exprimir irritação com algum autocontrolo, conseguir tranquilizar-se, ser mais criativo, possuir uma maior flexibilidade na procura de soluções.
Saber dar e receber feedbacks
É uma boa forma de facilitar o processo de mudança das pessoas.
E lembre-se que os elogios podem e devem ser ditos em público, mas críticas não.
Assertividade
As pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos, interesses, de exprimir os seus sentimentos, pensamentos e as suas necessidades de uma forma aberta.
A pessoa assertiva está aberta ao compromisso e à negociação: resolve conflitos através da negociação.
Aceita que os outros pensem de forma diferente de si; respeita as diferenças e não as rejeita.
Trabalho em equipa
Para trabalhar em equipa, é essencial a cumplicidade, o respeito mútuo, a valorização de diferenças individuais adequando-as às atividades. Assim, as diferentes capacidades de cada membro da equipa serão valorizadas e estimuladas.
As relações interpessoais são necessárias e os conflitos sempre existirão. A qualidade com que conseguirá lidar com essas questões determinará em grande parte o sucesso e satisfação quer pessoal, quer profissional.

Como Gerir conflitos?
 Crie um clima adequado;
Separe as pessoas dos problemas;
Esclareça as perceções;
Concentre-se nos interesses e não nas posições;
Procure criar opções que sejam favoráveis a ambas as partes,
Insista em critérios objetivos e mantenha o seu comportamento controlado;
Coloque-se no lugar do outro e fale sobre o futuro, a fim de procurar estabelecer acordos de benefícios mútuos.

Outros aspetos a considerar:
• Ser prudente nos conflitos a administrar é uma atitude muito útil, pois nem todos merecem o seu empenho e esforço e, principalmente, procure avaliar quem está envolvido nele - conheça os envolvidos para que não entre em controvérsias de antemão perdidas.
• Para prevenir conflitos é essencial estar presente no ambiente de trabalho, deslocar-se, ser e estar acessível. Também é imprescindível saber comunicar, isto é, utilizar uma linguagem compreensiva para quem ouve, mostrando disponibilidade para ouvir, tentando colocar-se no seu lugar (empatia), argumentando sem ofender, incentivando o diálogo e a participação do outro na busca de soluções.
• Para lidar com pessoas, deve compreendê-las e ter flexibilidade de ação (comportamento). A atitude comunicacional, obviamente, deve variar conforme a situação e a pessoa.
• Uma boa gestão de conflitos também implica desenvolver a afetividade, visando a aproximação e o conhecimento recíproco, a demonstração de interesse pelos problemas dos outros, estabelecendo fios condutores para conciliar expetativas recíprocas.
• A comunicação é a base que favorece processos de mudança, através de procedimentos e novas ideias que ajudem na adaptação ao meio.
Esta temática foi o alvo da nossa formação, que decorreu de fevereiro a maio de 2016, na EB Afonso de paiva, e da qual deixamos algumas imagens!
                                                                                                                   A Psicóloga
                                                                                                     Cidália Ribeiro
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Mais fotografia em (publicação de 13/06/2016): https://www.facebook.com/afonsodepaiva/

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